A Busca do Elixir na Alquimia Chinesa

Todos aqueles que querem viver uma vida longa, mas não obter o Elixir Divino e o licor de Ouro, só trazem sofrimento para si mesmos. Praticar a respiração daoyin , exalando o velho e inalando o novo fôlego, e ingerir os medicamentos de ervas e plantas, pode prolongar a duração da vida de alguém, mas não permitem escapar da morte. Quando o homem ingere os elixires Divinos, ele se torna um imortal divino e transcende as gerações mortais.
Tratado dos Nove Elixires


Há meios de alcançar a imortalidade? E se ela existe, como seria?



Sobre isso, Confúcio só buscou a imortalidade de seu nome; este foi um campo de domínio essencialmente caminhante e médico. Durante algum tempo, ambos andaram juntos, até que prevaleceu entre os médicos a idéia confucionista de que a investigação das coisas deve ser realizada em função de suas raízes – sem deuses ou espíritos como fim último, mas o humano como causa primeira. A concepção da qual as duas escolas partiram deriva do sistema yin-yang; se as coisas nascem e se desenvolvem, é porque ambos se engendram. Quando este ciclo começa a decair, o corpo igualmente degenera. Ora, existiria assim um meio para manter o corpo em harmonia constante? Três métodos se delinearam: a farmacopéia, cuja química restabeleceria o equilíbrio do corpo até que se descobrisse o Elixir que prendesse a harmonia para sempre no corpo; a ginástica, que trabalharia o qi pela meditação ou exercício, regulando constantemente as tendências yin e yang; por fim, a alquimia sexual, em que o casal praticaria a troca de essências, por meio do estímulo do orgasmo.



Desnecessário é dizer que todos que “alcançaram” a imortalidade nunca mais foram vistos. Quando seus corpos sumiram, os caminhantes começaram a afirmar que eles haviam mudado-os, e que esta imortalidade seria espiritual. Se for assim, a busca da manutenção do corpo indefinidamente seria inútil ou enganosa.



Provavelmente por isso é que os médicos se ativeram ao ponto correto da questão. Tudo é yin e yang na mutação, nada é definitivo. Logo, só pode haver ajuste – por meio de remédios, exercícios ou do sexo – para prolongar o corpo, mas seu inevitável esgotamento e desaparecimento são questões de tempo. Nenhum corpo pode ser imortal neste nível de manifestação da mutação. Se em outro isso é possível, então não é ainda domínio da ciência, mas o é das crenças caminhantes e budistas.



Por fim, para que viver tanto em função apenas de viver? A vida, sendo limitada, deveria ter um fim; aprimoramento pessoal, prazer, devoção, ciência... Por estas razões, é melhor curar-se quando doente, cuidar-se quando possível e namorar bastante, ou ao menos viver de modo a não passar em branco para si mesmo. Como dizia este poema sobre o vinho de Li Bai,



Se o céu não tivesse amor pelo vinho,

Não havería uma Estrela do Vinho no céu.

Se a terra não tivesse amor pelo vinho,

Não havería uma cidade chamada Fontes de Vinho.

Como o céu e a Terra amam o vinho,

Posso amar o vinho sem vergonhar o céu.

Dizem que o vinho claro é um santo,

O vinho espesso segue o caminho (Tao) do sábio.

Bebi profundamente de santo e de sábio.

Que necessidade então estudar os espíritos e os imortais?

Com três copos penetro o Grande Tao

Tomo todo o jarro, e o mundo e eu somos um.

Tais coisas como as que sonhei com vinho,

Nunca lhes serão contadas aos sóbrios.

O vinho é também um bom exilir! Se isso é – ou parece – óbvio, lembremos:



Sábio é aquele que torna o óbvio acessível a todos.

Confúcio

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