A civilização chinesa não podia deixar de possuir seu aspecto bélico. São inúmeros seus manuais de guerra, e tendo inovado em termos de tecnologia militar, escreveram também tratados sobre táticas e sistemas de combate até hoje estudados. É o caso clássico do livro de Sunzi, a Lei da guerra. A guerra chinesa era basicamente feita a pé, enquanto os nobres dispunham de carros de combate altamente desenvolvidos. Na época dos Han, além de desenvolver uma ágil cavalaria, eles empregaram também uma besta (provavelmente criada no período dos estados combatentes), arma precisa que só surgiria no Ocidente séculos depois. Apesar de desenvolver também eficientes técnicas de assédio, grande parte da mentalidade defensiva chinesa manifesta-se na construção da muralha, que na verdade é uma obra de ligação entre outras diversas pequenas muralhas realizada pelo imperador Qin shi Huangdi. Desde a época dos Zhou, a China foi obrigada a se confrontar com hordas bárbaras vindas do norte, de provável origem sino-mongólica. Pouco sabemos sobre eles, além de que deviam ser seminômades, mas que aparentemente possuíam uma organização política confederada e unida. Era vital, portanto, que os chineses muito cedo se preocupassem em organizar exércitos fortes, fossem para combater seus inimigos externos ou internos. Os números de soldados envolvidos nas batalhas por vezes parecem exagerados. Mas desde a época dos estados combatentes, eles vão se tornando aterradoramente grandes e reais.
Durante a era Qin e Han, os imperadores deram uma guinada nessa situação. Organizaram um exército profissional, ao invés de recrutar o campesinato somente em períodos de guerra, estabeleceram campanhas decisivas para desarticular o poder dos bárbaros, e ao mesmo tempo, iniciaram uma grande campanha de difusão da seda e de seus produtos pelo oeste, além de divulgar sua cultura. Essa concepção cosmopolita atraiu aliados de diversos pontos da Ásia, permitindo que as fronteiras do Império pudessem se expandir em todas as direções. Os Han procurariam também consolidar a rota da seda, e buscariam uma aliança com os romanos (por eles chamados de Da Qin) contra os An Xi (para nós, Partos) que atrapalhavam seu comércio no Ocidente. Já a Índia sob domínio Kushan se aliaria aos chineses, e ambos viveram um período de intensas trocas culturais.
Para concluir, observamos que a China antiga se fez presente no mundo clássico graças à uma cultura poderosa e atraente, que neste período constituía-se num centro gerador de hábitos, técnicas e valores. É impossível pensar o mundo antigo, por conseguinte, ignorando o papel deste gigante que abraçava a Ásia com sua civilização.
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