Tópico: Textos Históricos

A produção chinesa na Antigüidade foi grande e bem diversa. Podemos classificá-la de acordo com alguns critérios (em geral) aceitos, em função da época em que foram escritos e de seus aspectos literários. Assim sendo, apresentaremos de maneira breve um pouco destes textos.
Entre os Livros mais antigos, encontramos alguns que não têm datação exata, e se constituem de textos de temática variada, mas indispensáveis para o estudo da cultura e do pensamento chinês antigo. Temos com exemplo o I jing, ou Tratado das mutações, livro de uso científico e oracular na antiguidade; Nei Jing, ou Tratado interno (de medicina). Num segundo grupo, podemos classificar aquelas que seriam obras de cunho filosófico. Confúcio empreendeu a salvação de vários livros, tidos por ele como clássicos e fundamentais na formação cultural de todos os homens. Além do I jing, ele resgatou o Liji (Recordações dos rituais), o Shujing (histórias), Shijing (poemas ou cânticos). Também se atribui a ele o Chunqiu, ou Anais das primaveras e Outonos, um livro de crônicas históricas. Além desses livros tidos com antigos (na acepção da primeira classificação que aqui apresentamos), existem os livros filosóficos atribuídos à sua pessoa, mas que são possivelmente uma criação de sua escola (a Escola dos Letrados, ou confucionistas). Deles, o principal é o Lunyu (Diálogos), seguidos pelo Daxue (Grande Estudo) e o Zhongyong (Justo Meio, ambos extraídos do Liji) e o Xiao Jing (Tratado da Piedade Filial). Juntam-se a eles dois autores confucionistas posteriores, Mengzi e Xunzi, do séc. –4. Durante o período Han, seriam muitos os comentadores da obra confucionista, como Dong Zhong Shu, Lujia, Wang Chong e Wangfu.
Aproximadamente na mesma época que os confucionistas criavam suas teorias, temos igualmente o surgimento das escolas daoístas, moísta e legistas. Os textos taoístas mais conhecidos são o Daodejing, de Laozi, e os livros de Zhuangzi e Liezi, dois autores posteriores. Existe também o Huainanzi, um livro de ensaios diversos, que inclui desde cosmologia a estratégia, sendo de origem daoísta durante o período Han. Quanto aos legistas, seus textos principais são o de Shang Yang e o de Hanfeizi, ambos tratados de política radicais e violentos. Resta ainda o livro de Mozi, religioso do século –5 cuja doutrina não conheceu continuidade duradoura.
Além desses livros organizados segundo as escolas filosóficas, temos os livros que não se vêem necessariamente incluídos em alguma doutrina, mas sim numa época. É o caso por exemplo do Sunzi bingfa (a Lei da Guerra, de Sunzi) e o Sunbi bingfa (a Lei da guerra, de Sunbi), o Zhouli (um livro de rituais da dinastia Zhou, provavelmente anterior a essa época) e o Zhangguoce (compêndio anedótico de passagens deste período, cujo caráter ilustrativo pauta-se, de fato, em acontecimentos históricos legítimos).
Por fim, podemos citar o grupo das obras de caráter historiográfico. Como vimos, o primeiro dos registros históricos aparece com o Shujing. Junta-se à ele o Zushun jiniam (anais de bambu), possivelmente da época Zhou, e o Chunqiu de Confúcio, que recebeu vários comentários posteriores. O Tratado do sal e do ferro, ou Yantienlum, é um tratado econômico que teria surgido na época Han e que abordaria importantes discussões econômicas da época. É também neste período que surgiriam os dois grandes mestres da prosa histórica; Sima Qian, autor do Shiji, e Ban Gu, autor do Hanshu, e continuador do viés literário aberto por Sima.
Nesta vasta literatura podem ser incluídos diversos outros livros, tais como de poesia, de matemática, ciências, comportamento, etc., mas julgo que esta breve apresentação é suficiente para demonstrar que existe uma razoável quantidade de documentos que podemos utilizar em nossos estudos.

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