Astronomia, Registros e Mapas do Céu

O céu era afetado pelo comportamento do homem, ou melhor, de seus governantes e sua administração - era essa a visão que os chineses tinham do cosmo como um organismo; o mal-estar ou o bem-estar de uma parte deve afetar o resto. Essa idéia do universo agia como estímulo para a construção de observatórios astronômicos e a observação do céu par astrônomos oficiais para registrar os fenômenos celestes. Mas havia outra razão que levava os chineses a se preocupar com a astronomia: a confecção de um calendário, A aceitação de um calendário oficial era considerada parte das obrigações daqueles que deviam obediência ao imperador. Mas, naturalmente, esse calendário devia ser razoavelmente correta; as datas deviam andar emparelhadas com as estações. Assim, por essas duas razões, a astronomia sempre foi uma ciência oficial - uma "ciência confucionista" - como lis vezes era chamada - diferentemente da alquimia, por exemplo, que era uma ciência não oficial ou "heterodoxa", com fortes influências taoístas.
A astronomia chinesa, de acordo com o relato de Matteo Ricci e seus colegas por volta de 1600, parecia, em geral, uma coisa pobre, muito inferior à ocidental, mesma à astronomia ocidental de fins do século XVI. Mas isso se devia a uma série de mal-entendidos, os quais diziam respeito ao método de descrever as posições dos corpos no céu, que era diferente do empregado pelos astrônomos ocidentais. O fato de ele ser igualmente válido não parece ter moderado as opiniões dos jesuítas. Ironicamente, o sistema ocidental que Ricci via como o único correto já fora abandonado há muito tempo; na verdade, estava a caminho do abandono quando ele fez suas críticas. O sistema "chinês" foi adotado universalmente, embora, é preciso dizer, isso não tenha acorrido porque a concepção chinesa tivesse sido importada pelo Ocidente - nunca o foi - mas porque foi descoberta independentemente e provou ser superior para as observações de precisão.
A diferença entre os dois métodos pode ser captada com um simples diagrama, Imaginem-se as estrelas como se elas estivessem fixas na interior de uma esfera (esse ainda é o sistema mais conveniente para se lidar com os objetos ao se fazer medidas de posição, pois tais mensurações são sempre feitas em ângulos). Há duas formas de especificar sua posição. Uma delas consiste em medir a posição em relação ao trajeto aparente do Sol no céu, isto é, a eclíptica. A outra, especificar a posição em relação ao equador celeste (que é, realmente, o equador terrestre projetado na esfera celeste). Os dois círculos, o equador celeste e a eclíptica, cruzam em dois pontos (A e O na figura). Esses pontos, quando o Sol está no equador celeste, correspondem às épocas em que o dia e a noite têm a mesma duração - os equinócios -, o ponto em que o Sol se move para as regiões setentrionais da esfera celeste, constituindo o "equinócio da primavera". Suponhamos que queiramos determinar a posição de uma estrela em X. Podemos fazê-lo usando coordenadas baseadas na eclíptica, como Ptolomeu e os gregos faziam. Diremos, então, que X tem uma longitude celeste de tantos graus, medida a partir de A, ao longo da eclíptica, até C. A latitude celeste é, então, a distância de C a X. Outra alternativa é fazer a mensuração ao longo do equador celeste, de A a B, e então, para cima, de B a X. Isso é o que os astrônomos fazem hoje. Eles chamam a distância AB de "ascensão reta", não longitude celeste (embora CA seja o equivalente celeste da longitude terrestre), e a distância angular BX (equivalente à latitude terrestre) é conhecida como "declinação". Os chineses usavam esse método moderno, embora, em vez de especificar a declinação de uma estrela, usassem a "distância polar norte", isto é, a distância NX. Isso porque davam muito valor ao pólo celeste.
Para os chineses, o pólo norte celeste representava o imperador, colocado no centro de seu governo. Era o ponto central do céu, assim como o era o imperador em relação ao seu império. O pólo norte celeste, de fato, está sempre no céu de um país como a China, situado no hemisfério norte. Não pode ser visto durante o dia, certamente, mas lá está. Assim também as estrelas circumpolares. Elas nunca se põem; permanecem sempre acima do horizonte. Em face dessas considerações, o pólo norte do céu e as estrelas circumpolares assumem suprema importância, e isso realçava a maneira pela qual os chineses olhavam as constelações e o modo pelo qual se media a posição do Sol no céu.
Para determinar um calendário sazonal, o conhecimento da posição do Sol é fundamental. E como vimos também, as antigas civilizações do Mediterrâneo determinavam a posição do Sol já observando nascentes e poentes helíacos, ao passo que os povos de latitudes mais setentrionais na Europa usavam o alinhamento de pedras. Mas há um terceiro método, muito diferente, de se determinar a posição do Sol entre as estrelas: a observação de estrelas que se tornam visíveis bem ao sul, à meia-noite, pais elas estarão diretamente opostas ao Sol no céu. Esse é o método adotado pelos chineses. Eles usavam um conjunto de 28 constelações, ou "mansões celestiais", pelas quais a Lua parece passar (a Lua e o Sol seguem quase o mesmo trajeto aparente no céu). Uma vez determinadas essas constelações, fixavam a ascensão reta do início de cada mansão com a estrela circumpolar particular que tivesse a mesma ascensão reta. Muitas vezes a estrela circumpolar era pouco brilhante, mas isso não importava; sempre podia ser observada em uma noite clara.
Como todas as antigas civilizações, os chineses também possuíam um calendário lunar, mas usavam um calendário solar para as estações. Por volta de 1400 a.C., sabiam que a duração do ano solar era de 365,25 dias e que uma lunação (período compreendido entre duas luas novas consecutivas) era de 29 1/2 dias, Usavam um ciclo de doze lunações (354 dias) e acrescentavam um mês extra de 29 ou 30 dias, de tempos em tempos, para que o ciclo se emparelhasse com as estações. Mais tarde, desenvolveram um ciclo de 19 anos (período algumas vezes conhecido no Ocidente como ciclo metoniano, pois foi desenvolvido em 430 a.C., pelo astrônomo grego Metão de Atenas, em conjunto com Eutemon, outro ateniense). Esse ciclo consiste em 235 lunações e dá um período de 12 anos de 12 meses lunares e 7 anos de 13 meses; depois desse período, os calendários solar e lunar praticamente coincidem (na verdade, apresentam apenas cinco dias de diferença, ou, colocado de outro modo, o erro médio é de apenas pouco mais de um quarto de dia por ano). Ao que tudo indica, os chineses conheciam esse ciclo um século antes de Metão apresentar seu trabalho. Esse método de 19 anos era superior ao primeiro e, de modo geral, o substituiu no século III a.C. Tais cálculos eram suplementados por um ciclo "meteorológico" de 24 pontos - "Início da Primavera", "Água da Chuva", "Insetos Excitados", "Equinócio Primaveril", e assim por diante: cada ponto significava um movimento do Sol próximo aos 14 graus de ascensão reta e pouco mais de 15 graus ao longo da eclíptica. Se um mês lunar deixava de conter um dos pontos meteorológicos - o que podia acontecer de tempos em tempos - isso significava que se devia inserir um mês extra. Assim os chineses tinham um eficiente calendário lunissolar.
Além do calendário lunissolar, os chineses usavam também a simples contagem dos dias. Esse método não dependia do Sol nem da Lua, mas se baseava em uma combinação de 12 "ramos terrestres" e 10 caules celestes (sistema de predizer a sorte), que davam dois ciclos de 60 dias, e era usado desde a dinastia Chang. O ciclo podia ser dividido em 6 períodos de 10 dias, e a semana de 10 dias era comum na antiga China. A semana de 7 dias veio muito depois, sendo introduzida na China na período Sung, por volta de 1000 d.C., pelos persas e por mercadores da Ásia central.
Desde os tempos mais remotos, os chineses observavam e anotavam os movimentos dos planetas. Os planetas - Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno (os únicos então conhecidos) - eram associados aos cinco elementos, mas os chineses nunca formularam qualquer teoria a respeito do movimento planetário, como fizeram os gregos. No entanto, mostraram um interesse particular por Júpiter, pois o período de revolução desse planeta em torno do Sol é de 11,86 anos, isto é, quase 12 anos, e isso parece ajustar-se muito com os 12 "ramos terrestres" cíclicos e também com o número de lunações em um ano. Outros ciclos foram reconhecidos, como aconteceu com outras civilizações, e quase todas elas ficavam fascinadas com o período de 12 anos de Júpiter. O maior ciclo chinês, a "Suprema Grande Origem Derradeira", combinava todos os outros, e somava não menos que 23 639 040 anos; era o período depois do qual todas as variações das posições relativas de todos os objetos celestes se repetiriam.

REGISTROS DO CÉU
Além das observações dos planetas, os chineses identificaram e registraram vários fenômenos astronômicos, Hoje, suas observações são de grande valia na análise de eventos cíclicos, como eclipses, aparições de cometas ou acontecimentos ainda mais raros, como explosão de estrelas. Desde tempos imemoriais, os eclipses do Sol eram considerados de grande significação, e os registros de eclipses pelos chineses datam de 720 a.C., cerca de trezentos anos antes da compilação realizada par Ptolomeu no Almagesto; são anotações seguras, ricas em detalhes. No entanto, uma vez que interpretavam os eclipses como uma advertência do céu aos maus governos, os fenômenos ocorridos durante reinados populares tendiam a não ser registrados, o que explica por que os registros astronômicos eram considerados segredos de Estado.
Se, por um lado, os chineses se sentiam inibidos em registrar os eclipses ocorridos durante os reinados populares, por outro, não se constrangiam em observar e registrar qualquer instabilidade ou variação que pudessem ocorrer no céu, como acontecia no Ocidente, Assim, os chineses observaram e registraram as manchas solares, as quais nunca foram descritas na Europa, até o século XVII, devido à crença de que os corpos celestes eram perfeitos, e essa perfeição não admitia a aparição de manchas no Sol. Os registros das manchas solares feitos pelos chineses, iniciados em 28 a.C., são os mais completos de que dispomos.
Outro exemplo da falta de inibição dos chineses na observação, em comparação com o Ocidente, é o caso das novas e supernovas. Hoje sabemos que são estrelas que explodem, aumentando sua luminosidade e criando extensas camadas de gás quente. Assim, elas podem ser localizadas onde nenhuma estrela havia sido observada antes, pois, certamente, sua luminosidade era insuficiente para chamar a atenção dos astrônomos - daí a denominação novas. Após a metade do período Han, os chineses passaram a usar apropriadamente o termo "ge xing" (ko sihng), ou seja, "estrela hóspede". No Ocidente, não se admitia a existência de tais estrelas, pelo menos oficialmente, pois considerava-se o céu perfeito e completo; a aparição de novas estrelas era teoricamente impossível. As explosões catastróficas - as supernovas - são raras, mas relatos chineses registram ocorrências em 1006, 1054, 1572 e 1604. As duas últimas acorreram depois que a crença européia num cosmo perfeito e imutável havia desaparecido, e foram registradas tanto no Ocidente como no Oriente. Alguns relatos ocidentais mencionam a supernova de 1006, pois ela era tão espetacular que chegaram a confundi-la com um cometa; essa interpretação acalmaria as consciências, pois, de acordo com a concepção que dominava na época, os cometas podiam aparecer de repente, como se fossem vapores flamejantes na alta atmosfera, alguma coisa "abaixo da esfera da Lua" e, portanto, transitória. Contudo, ao que tudo indica, a explosão da supernova de 1054 foi registrada apenas na China e no Japão. Seus remanescentes, visíveis ainda hoje, mais de nove séculos depois da explosão, são conhecidos pelos astrônomos modernos como a nebulosa de Câncer e despertam intensivos estudos; por isso, os registros chineses são valiosos. Mas os chineses não limitaram sua atenção às supernovas; as novas menos excitantes e perceptíveis, que são muito mais obscuras do que as supernovas também mereceram a atenção deles. De fato, os chineses observaram e anotaram detalhes de nada menos de 75 estrelas hóspedes entre 352 a.C. e 1604 d.C.
Os chineses dedicavam todo o cuidado na observação de cometas, onde quer que aparecessem, e isso constitui um dado muito importante, pois os relatos realizadas por outras civilizações apresentam muitas falhas. O registro chinês cobre aparições de cometas entre 613 a.C. e 1621 d.C., um período superior a 22 séculos. Os relatos sobre o cometa Halley são os mais importantes (sendo bastante freqüentes e muito impressionantes), e constituem fontes de consulta inestimáveis para os astrônomos modernas que desejam traçar os movimentas mais antigos desse cometa. Além disso, a astronomia moderna provou haver uma ligação entre os cometas e as "estrelas cadentes" (meteoros), que aparecem por apenas uma fração de segundo, mais ou menos, quando cintilam numa noite escura. São corpos espaciais compostos de rocha e metal situados fora da atmosfera; quando penetram na atmosfera, seu atrito com essa camada gasosa produz um intenso aquecimento e em geral eles se desintegram durante o processo. Algumas vezes, no entanto, esses corpos são muito grandes e suficientemente resistentes para não se desintegrar com o atrito, e acabam atingindo a superfície terrestre: são então conhecidas como meteoritos. Antigos registros de tais quedas são importantes; felizmente, os dos chineses foram preservados. Quando possível, os meteoritos eram examinados com rigor científico, muito antes de essa prática ser empregada no Ocidente. Chuvas periódicas de meteoros também foram registradas na China.

MAPAS DO CÉU
Pelo que já dissemos, não será surpresa saber que os chineses parecem ter sido os primeiros na compilação de catálogos sistemáticos de estrelas. Já no século IV a.C., três astrônomos - Shih Shen, Gan De (Kan Te) e Wu Xien (Wu Hsien) - coligiram catálogos tão detalhados que foram usados mil anos depois. No Ocidente, o primeiro catálogo foi confeccionado no século II a.C. Os três catálogos chineses foram usados independentemente durante longo tempo, mas foram reunidos no século IV d.C., quando Chen Zhuo elaborou um mapa estelar baseado neles. A composição de mapas estelares teve início, de fato, um século antes, embora isso não signifique que já nessa época se delineassem as constelações: um exemplo disso são os relevos do período Han. Foram os chineses também que criaram o método "bola e traça" para elaborar as configurações das constelações, ainda em uso hoje em atlas celestes populares.
Um dos mais admiráveis mapas estelares primitivos apareceu no ano 940 d.C. Baseado no mapa de Qian Lo Zhi (Chien Lo- Chih), o "astrônomo real" chinês do século V d.C., a particularidade digna de admiração não é a sua minúcia - esta já era disponível havia vários séculos - nem sua elaboração em três cores, para diferenciar as estrelas dos catálogos dos astrônomos Shih Shen, Gan De e Wu Xien, mas seu método para mapear as estrelas. Sempre constituiu um grande problema representar corretamente as estrelas em uma superfície plana, de vez que elas são observadas dentro de uma esfera - equivale a tentar representar a superfície da Terra em um plano. Há várias maneiras de resolver essa dificuldade, várias formas de "projeção", como Ptolomeu sabia e explicou no século II d.C. O que surpreendeu no Dunhuang (mapa estelar de Qian Lo- Zhi) foi a forma de projeção: uma projeção Mercator. Esse sistema é amplamente empregado hoje em dia em mapas e atlas; foi criado em 1569 d.C. pelo matemático e cartógrafo flamengo Gerardus Mercator, seis séculos após o aparecimento do mapa estelar Dunhuang. Não se sabe se Mercator conhecia esse trabalho chinês - depois de 940, decerto essa projeção foi amplamente usada na China - mas o Ocidente, definitivamente, não tem prioridade nesse assunto, como já se imaginou.

O mapeamento do céu também foi executado em globos e planisférios. Um planisfério é uma carta circular, ou quase circular, com o pólo celeste no centro; trata-se da visão do globo celeste como se o observador estivesse suspenso sobre o pólo, o que dá uma projeção diferente da de Mercator. Os chineses conheciam também essa projeção, e seu planisfério mais importante apareceu no século XII, esculpido em pedra; mostrava o pólo, a eclíptica, o equador e as mansões celestiais e também uma "estrada branca" da Lua, além de fornecer informações corretas sobre os eclipses do Sol e da Lua. As verdadeiras causas dos eclipses - o eclipse solar ocorre quando a lua se interpõe entre o sol e a Terra, e o eclipse lunar, quando a Lua passa pelo cone de sombra da Terra - eram conhecidas por alguns chineses um milênio antes da elaboração do planisfério de pedra, embora, por algum tempo alguns filósofos chineses continuassem a preferir uma explicação segundo a qual esses fenômenos dependiam do crescimento e da diminuição das duas forças, Yin e Yang.
Um globo celeste em que se representavam as estrelas é um dispositivo antigo: era conhecido pelos gregos e pode até ser originário da Babilônia. Um globo sólido, com as estrelas nele desenhadas, seria encontrado na China no século V d.C., ao tempo de Chien Lo- Chih. Talvez sua concepção seja anterior a essa época, embora os chineses tenham pensado que uma esfera armilar seria suficiente para atender as suas necessidades. Uma esfera armilar consiste numa reunião de anéis (do latim armiliae), cada qual representando um círculo da esfera celeste, tal como a eclíptica, o equador, e assim por diante; a Terra é considerada o centro do sistema. Em suma, é um esqueleto do globo celeste. Se se graduarem os anéis e se montar uma barra com visores, fixa em um anel móvel, a instrumento pode ser usado para medir posições.

TEORIAS ASTRONÔMICAS
Antes de deixarmos a astronomia primitiva chinesa, é importante considerar seus pontos de vista sobre o universo como um todo. Havia três teorias principais, das quais a primeira e mais antiga parece ter sido herdada da Babilônia. Foi chamada de teoria de Gai Tian (Kai Tien), ou da "cúpula hemisférica" , e era exatamente o que o nome indica: uma cúpula para o céu, com a Terra sob ela, cercada por um oceano circular. A segunda idéia, a teoria de Hun Tian (Hun Tien), ou da "esfera celeste", embora posterior foi contudo conhecida desde o século IV a.C. Um passo adiante em relação ao conceito da cúpula hemisférica era perfeito como descrição de como o universo aparece; a ela está associada à idéia de que a própria Terra era uma esfera.
A terceira idéia chinesa, a teoria de Xuan Ye (Hsuan Yeh), ou do "infinito espaço vazio", era a mais avançada e imaginosa. É associada a Chi Meng, que viveu em algum período durante a última dinastia Han (25 a 220 d.C). Segundo esse ponto de vista, o céu era vazio e sem substância... não tendo fronteiras. O Sol, a Lua e as estrelas flutuavam livremente no espaço. O que os fazia mover.se em suas trajetórias? Para responder a essa pergunta os chineses recorreram ao conceito de "vento forte", algo derivado dos conceitos daoístas e possivelmente originado das poderosas rajadas de ar dos foles usados nas fundições. Em todo caso, toda essa teoria constituía uma idéia totalmente nova. De fato, um universo infinito e vazio, com corpos flutuando nesse espaço, dirigidos por fortes ventos ou não, era um conceito muito avançado, e não só por coincidir com muitos dos pontos de vista atuais sobre o universo, mas por ser menos restritivo que o único outro conceito da época, a rígida crença grega nas esferas sólidas. Era uma grandiosa visão do cosmo, e encorajou os chineses a desenvolver uma perspectiva mais ampla da natureza como um todo.

in Ronan, C. História Ilustrada da Ciência pela Cambridge University. Rio de Janeiro: Zahar, 1986


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