Sobre o Amor - Shijing


Você me parece um jovem bem ingênuo,
Oferecendo em troca de sêda seus tecidos;
Mas não é a sêda o que você deseja:
Eu sou a sêda que você tem em mente.
Com você atravessei o vau e enquanto
Caminhamos por mais de uma milha
Eu disse - Não quero delongas
Mas, é preciso que os amigos fixem a data de nosso casamento...
Oh, não se aflija com minhas palavras,
Mas volte com o outono.
E então passei a esperar e a ficar olhando
Para ver você passar pelo portão;
E algumas vêzes quando observava em vão.
Minhas lágrimas corriam como grossas gotas de chuva;
Mas quando vi meu querido,
Ri e chorei alto de alegria.
Os videntes, disse você,
Todos declararam que éramos feitos um para o outro;
- "Tragam então uma carruagem," repliquei,
"E serei sua espôsa para sempre."
As fôlhas da amoreira, ainda não arrebatadas
Pelo vento frio do outono, brilham ao sol.
Ó doce pomba, eu devia aconselhar,
Acautela-te contra o fruto que tenta teus olhos!
Ó linda donzela, ainda não esposada,
Não ouça, alegremente, as promessas do amado!
Um homem pode fazê-las de má fé e o tempo
Se encarregará de obscurecer seu crime;
Uma mulher que perdeu o nome
Está condenada a uma vergonha eterna.
A amoreira sôbre o solo que a cerca
Agora espalha as folhas amarelas.
Três anos Já se passaram,
Desde que eu partilhei sua pobreza;
E agora novamente, dia amargo!
Atravessei o vau de volta.
Meu coração ainda não mudou, mas você
Pronunciou palavras que agora provaram ter sido falsas;
E abandonou-me para lamentar
Um amor que não mais pode ser meu.
Durante três longos anos fui sua espôsa,
E levei, na verdade, uma vida de tristeza;
Cedo me erguia da cama e ia tarde descansar,
Todos os dias se passaram assim para mim.
Honestamente cumpri a minha parte.
E você...você despedaçou meu coração.
A verdade meus irmãos não a saberão,
Do contrário me crivariam de sarcasmos.
Sofro em silêncio e só lamento
Ter sido meu um tal destino infeliz.
Ah, quem dera que de mãos dadas enfrentássemos a velhice!
Em vez disso volto uma página amarga.
Oh, pelas margens do rio, há muito tempo;
Oh, pelas muito queridas praias pantanosas;
As horas da meninice, com meus cabelos
Soltos, como eu as esperava!
As Juras que trocamos pareciam tão sinceras,
Nunca pensei que teria que arrepender-me delas;
Nunca pensei que as promessas que trocamos
Por que falar mais sobre isso?

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