Historicamente, por conseguinte, vamos admitir a dinastia Shang como a primeira existente. Seu início pode ser datado do século -15. Era uma cultura altamente desenvolvida, tendo construído uma capital, Anyang, e possuíndo um domínio da arquitetura e do bronze sem igual. Já conheciam o fabrico da seda, a exploração do jade, do marfim e utilizavam a irrigação. Estavam organizados em reinos compostos de Cidades-Estado, e o princípio de “império”, nessa época, pode ser muito melhor entendido como de uma grande confederação de pequenos estados e latifúndios, que abrigavam as comunidades produtivas. Utilizavam carros de duas e quatro rodas, com revolucionários arreios peitorais para os cavalos, criavam animais diversos (destacando-se a cultura de porcos, aves, cães e carneiros) e praticavam uma religião de cunho politeísta que parecia ser um desdobramento das práticas xamânicas antigas. Já possuíam também um sistema de escrita rudimentar, encontrado nos oráculos de ossos de tartaruga.
No século -12, essa civilização vai ser politicamente derrotada pela ascensão dos Zhou. Não sabemos ao certo como se organizaram estas dinastias, cujo princípio poderia ser familiar ou étnico. Mas a existência de líderes que encabeçam estas alterações históricas pressupõe um certo padrão social que seria comum ao território (nobres, camponeses, artesãos, etc), em virtude do envolvimento dessas classes nos processos políticos. O período Zhou foi bastante próspero, tendo evoluído tecnicamente em todas as áreas já destacadas no período Shang, além de inaugurar uma fase de expansão e colonização em novos territórios, reorganizando a política e a economia dentro de uma estrutura feudal.Uma de suas conquistas principais é a de elaborar a teoria do Mandato Celeste, uma autorização expressa do cosmo que encarrega o imperador de administrar a ecologia mundial – ou seja, a vida do império. Tal ideologia, cujo sucesso é representativo, torna-se um substrato fundamental na concepção de política chinesa e fomentou uma certa coesão social no primeiro período Zhou.
Mas este processo de desenvolvimento e expansão colocou os chineses, no entanto, em contato direto com as tribos nômades do norte, que começam neste momento um longo período de conflito ao longo das fronteiras do império. A organização feudal vai, aos poucos, se corromper devido à concentração de poder na mão dos senhores de terra. Esta situação vai gerar uma série de conflitos que lançaram a dinastia Zhou num período de intensa conturbação entre –481 -221, conhecido como “Estados Combatentes”. A dinastia perdeu seu poder, e os reinos começaram a lutar entre si para ver quem ocuparia o trono. No momento final, apenas sete estados sobreviveram – Qi, Qin, Chu, Zhao, Han, Yen e Wei, tendo Qin conseguido derrotar os outros estados e re-unificado, finalmente, o território. As datações sobre este período são igualmente denotativas: supõe-se que a maior parte das grandes escolas filosóficas tenha surgido neste período (taoísmo, confucionismo, legismo e moísmo), e se levarmos em conta o suposto período de vida de autores como Confúcio e Laozi, (séc. –6, -5) devemos pois admitir que os conflitos que deram origem ao período dos Estados Combatentes foram, na verdade, bem anteriores, e que em muitos casos já estariam ocorrendo.
No ano de -221, assume enfim o Qin Shi Huangdi, ou o “primeiro imperador da China”. Ele adotou o nome do lendário Huang di (Imperador amarelo), que teria sido o primeiro dos imperadores antes dos Xia. A breve dinastia Qin foi marcada por processos de mudança radicais: o poder feudal é desarticulado, e tanto a escrita como os pesos, medidas e o dinheiro são unificados. A grande muralha é construída, tomando por base antigas fortificações existentes na fronteira norte. Cria-se uma burocracia forte e organizada para gerir os negócios do estado, mas em contraposição à todas essas medidas positivas, o imperador persegue sábios, queima livros, restringe a religião, incita seu próprio culto e exauri os recursos humanos da massa de trabalhadores. Mas seu reinado foi efêmero, e sua dinastia não demorou muito tempo: após morrer em 210 a.C., seu sucessor enfrentou uma série de revoltas que, em 4 anos, culminaram com a ascensão dos Han ao poder.
O período de Han é um dos mais prósperos da China. Essa dinastia organiza o poder internacional do país, estimula uma política comercial expansionista e desenvolvida, além de aperfeiçoar a burocracia responsável por administrar o poder em todos os níveis. Assume o confucionismo como prática oficial de governo (e possivelmente, em suas perspectivas religiosas também) e passa por um renovado período de descobertas técnicas. A dinastia Han criara finalmente a estrutura que serviria de base para o desenvolvimento de todas as outras dinastias, alcançando seu ápice durante a época dos Tang, no século +7.
Modelo cronológico aceito modernamente:
Xia 2205 -1766
Shang 1766 -1028
Zhou Anterior 1027 -650
Zhou Posterior 650 - 221
Estados Combatentes 481-221
Qin 221 - 206
Han Anteriores -206 +9
Han Posteriores +22 +220 (inclui-se um interregno de quase duas décadas quando a dinastia foi usurpada pelo governo de Wang Mang)
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