Religião


Os indícios religiosos na China são variados. Na dinastia Shang, os deuses parecem ser elementos desdobrados das crenças xamânicas em forças da natureza. Existiam deuses para as regiões, para as substâncias, para os animais, etc. Sacrifícios humanos eram realizados nessa dinastia, mas foram gradualmente abolidos pelos Zhou. O que é interessante é a quase total ausência, na religião chinesa, de um mito de criação. Só muito tardiamente uma lenda do gênero surgirá, através do cão Pan Ku (Watson, 1969). A China e os humanos já existem nos primeiros escritos, e elas são um reflexo da ordem do Céu (Tian). Este Céu, que é tudo, significa uma noção natural de cosmos que transcende a existência dos deuses e dos espíritos, uma concepção próxima de uma ecologia natural que engloba as relações entre todos os seres. A origem dos chineses funda-se, pois, na história do seu processo de domínio do território, muito longe de problemas cosmogônicos. Os chineses antigos basicamente acreditavam em formas primárias de espiritualidade, sem termos certeza de que existiam noções claras sobre alguma forma de reencarnação. Eles adotaram o culto aos antepassados e nas energias da natureza, e parecia existir a idéia de que havia um deus supremo, responsável pela administração do céu e dos outros deuses, além da terra. Desde Shang, os oráculos eram igualmente empregados na descoberta do futuro. Durante Zhou, mas principalmente em Han, a astrologia também se desenvolveu bastante. Um dos conceitos fundamentais do pensamento religioso, que em muito se funde ao das crenças naturais xamânicas é o da polarização das energias em Yang e Yin, ou positivo e negativo. Estas noções perpassam a organização de todas as coisas, e servirão de base para muitos estudos científicos na civilização chinesa, se manifestando inclusive na formação de uma escola. A Ancestralidade e a perspectiva de uma continuidade da vida no Além ensejaram, igualmente, uma complexa tradição de luto e enterramento na China Antiga. Provas disso são os extensos textos confucionistas sobre a questão do luto no Manual dos Rituais (Liji) e as incontáveis tumbas achadas dos períodos Shang, Zhou, Qin e Han – das quais destaca-se a megalômana tumba do imperador Qin Shi Huangdi, que fez-se enterrar com milhares de soldados de Terracota para protegê-lo no seu post-mortem. A organização da religião chinesa foi, por fim, bastante receptiva a difusão de práticas alquímicas e mágicas ao longo da história. Naturalmente aberta, a religiosidade chinesa percebeu, na era Han, a modificação desse panorama com a introdução do budismo, o fortalecimento do taoísmo alquímico como religião e a ascensão do confucionismo como ética de estado, que terminou por absorver também um caráter igualmente sagrado.

Textos

Entre as Montanhas e os Mares

O Sentido de Transcendência do Pensamento Chinês

O Senso religioso dos Chineses

Uma Religiosidade Complexa

Relatos da Mitologia Chinesa

A evolução do pensamento religioso chinês

O Sonhar e a Religião na China

Uma teoria daoísta do Sonho

A Religião Primitiva

Lendas e Mitos Primitivos

A Religião no Período Shang

A Religião no Período Zhou

O Livro das Mutações

O Livro dos Rituais

A Era pré-Han e a Religião

Os primeiros taoístas

O Ecletismo dos Han

O Rito do Calendário

Jade, a Pedra Sagrada

Tumbas do Período Han

A Religião Popular

O Culto Oficial Confucionista

O Budismo Chinês

O Neo-taoísmo

O Culto Taoísta

O Taoísmo Religioso

Alquimia Chinesa

O Amarelo e o Branco

Dragão Verde, Tigre Branco

Aspectos da Alquimia Chinesa

Uma civilização sem mitos de criação

A Busca do Elixir na Alquimia Chinesa

 

Ligações externas

Viver e Morrer na China Antiga

Orgias Sagradas em Lugares Santos na China Antiga

Imortalidade, Energia e Poder

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